terça-feira, 6 de março de 2012

Gente


Gente: que palavra sugestiva. 
Que palavra complexa em seu sentido e repleta de sentimentos, antagônicos e combinados ao mesmo tempo. Eu andei pensando sobre o efeito das pessoas na minha vida. E, na realidade, cheguei à conclusão de que vida são as próprias pessoas, as influências que elas exercem em nós, os efeitos e consequências que estar e ser resultam na história (e nas estórias).
Eu, gente, estou aqui a escrever ouvindo música. Adele, que é gente também (embora seja alguém fora do comum quando canta), e fico repassando na minha cabeça os meus pais, os meus amigos, os meus alunos, as pessoas que passaram por mim durante o dia e de como eu interajo com elas. Se sou indiferente a elas (e elas a mim) ou se quando eu passo, elas me olham, me vêem - e vice e versa - e temos uma conexão, seja de simpatia, compaixão, curiosidade, alegria e carinho. [Sim, só o que é bom: pra quê odiá-las, reprimi-las, afastá-las?]


É tudo sobre pessoas. Quem somos, como somos, com quem somos. Onde estamos, com quem estamos.
O sistemas de produção (capitalismo, socialismo, neoliberalismo), falam como as pessoas devem consumir, vender, como as indústrias (compostas por pessoas) devem produzir. A economia é gerida por gente: quem é mais produtivo, quanto mais produz. Quanto uma população tem de conhecimento, até onde ela vai com ele. As ideologias, também, trabalham o campo das ideias, ideias que governam vidas. 


Pessoas, pessoas, pessoas.
Da raiva que a gente sente, da saudade que machuca, das palavras que proferem, das músicas que cantam, das conversas que temos. Aliás, conversas! Que delícia conversar! Que troca, que investimento de tempo! Tem coisa melhor que falar com alguém e pensar: "Como eu demorei tanto a encontrar essa criatura?".
O próprio Deus criou o homem pra se relacionar. Ele tinha aos anjos, mas queria alguém à Sua semelhança, alguém com similaridades que, embora Ele fosse Deus Onipotente, pudesse ser surpreendente e vivaz como Ele mesmo é. A gente lê em João 1, "no Princípio era aquele que é a Palavra, a Palavra era Deus e estava com Deus", a palavra é o verbo -  o haja! A ação. Nenhum ser inanimado pode agir, fazer, ser, sentir. Por isso, só posso concluir que pessoas são realmente a coisa mais importante na criação de Deus, no plano dEle para o mundo.

O que me levou a esse texto foi o amor por pessoas. Por gente que, não que eu mereça mas, me fazer sentir a pessoa mais incrível no mundo. Levanta minha autoestima, me encoraja, me dá suporte, briga comigo, trabalha meus defeitos, estimula minhas qualidades. Este texto é pra todos aqueles que me encontram pela vida, me saúdam com um abraço e uma frase em torno de "cara, você faz muita falta"! Não sou eu quem as faz ser assim. Não é meu jeito protetor ou minha capacidade de fazer piadas a meu respeito, mas é o peito aberto e o amor caridoso (sem medo de ser repetitiva) de cada um desses para comigo.

Eu percebi que o amor é de fora pra dentro, perdoe-me a heresia. É inalado primeiro para depois ser exalado. Nós eramos resistentes ao amor, em todas as suas formas. Confundíamos nossa busca incessante por algo somente pra nós com amor; sucesso financeiro com justificativas de dar boa vida a família, com amor; fazer caridade uma vez ao ano, com amor. Amor não é isso.
Amor é aquilo que nos dá visão, uma visão tão ampla que ela não se contém ou se limita a nós mesmos. Amor nos traz vitalidade, vivacidade, cheia de uma paz tão surreal que não podemos evitá-la, ao mesmo tempo em que somos profundos, consistentes e substanciais. Aí, um dia, fomos constrangidos com um amor tão maior que o que conhecíamos, que não pudemos mais viver na miséria anterior.

"Aquele que não ama não conhece a Deus", ou quem não conhece a Deus não ama - pode ser também. Se você é capaz de analisar o mundo e absorver todo o amor que pode estar contido nele (através de Cristo), dificilmente poderá conter sua ação e terá, involuntariamente, doado a alguém. Amor não se contém por que é posto pelo próprio Deus, e tem gente precisando dele. Quem você acha que será o intermediário?

Gente: eu e você. 

Sejamos "gente como gente deve ser, gente como Jesus" (AR). 

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Anseios de uma jovem idosa

Há quase seis meses eu não escrevo aqui no blog. E não escrevo não é porque me falta inspiração, não, porque na boa, eu escrevo o que me dá na telha. São minhas asneiras mesmo. Escrevo porque me dá prazer e um prazer que a fala não me proporciona mais, ou melhor, pra não ser tão radical, me proporciona cada vez menos.


Veio o penúltimo ano da faculdade, os 22 anos, a vontade de crescer, de casar, de fazer história. De finalmente descobrir o meu sentido aqui. Como a Juju da Mamãe, a Morena do Papai, a Chatinha da Amanda, a Ju Lira do JV, a Xu da Cintia, a Baby da Giulia, a Princesa da Isa, a Preciosa da Erika...


Tenho andado saudosa aos extremos. Até daquilo que acabou de acontecer eu sinto falta. Se eu volto de uma viagem, vou meditar nela até que o coração não aguente mais de saudade. Eu tenho sido parte de uma geração em que os prazeres e alegrias são muito, muito fugazes. A galera topa tudo por uma alegria passageira. Que não deixa de ser alegria não, só que nunca será felicidade.


Tenho passado por grandes transformações dentro de mim que não me deixam mais ser quem eu era. Elas vieram com tudo e tiraram de mim certas coisas que eu não gostaria de perder, embora fossem até mesmo prejudiciais. Características que me impediriam de ver o mundo nu, em sua crueza; beleza e frieza. E aí, às 00h24min de uma noite fria e de grande peso no coração, me propus a botar pra fora, como sempre em rascunho que não será corrigido, mais um floreio: como eu queria não ver o mundo assim!


Como eu ainda queria ter os olhos da garota simples, que buscava coisas simples. Que facilmente chorava, que facilmente sonhava. Que não tinha medo de expor emoções por mais que elas lhe pusessem vulnerável. Como eu queria não ter que me decepcionar com as pessoas. Não decepcioná-las sabendo dizer a verdade sem medo e com menos medo ainda pedir desculpas, me humilhar e pedir perdão.


Como seria gostoso voltar a ler a bíblia com o mesmo afinco da época do Departamento Infantil, sem vergonha de dizer “vivo feliz, pois sou de Jesus”! Como eu queria não ter que explicar pros meus amigos que a minha igreja não é igual àquela da TV que envergonha a Cristo e suga o dinheiro do pobre trabalhador. Como-eu-queria!


Não ter que me separar dos meus pais, ainda que por dias; dormir longe da minha irmã. Poder passar o dia todo, todo dia, fazendo minhas tarefas ao som de música boa sem os transtornos de batidas sem sentido e cheias de malícia. Poder dar um filho aos meus tios. Uma cura ao meu avô. Uma igreja perfeita ao meu pai.


Como eu queria me dar um namorado, não ter nunca mais o coração partido. Já ter ido a Londres, ter o francês impecável. Sair da faculdade com um emprego, ter tempo. Como eu queria ter todas as respostas às minhas dúvidas.  Como eu queria não errar no meu ministério, saber cuidar dele melhor do que dos meus cabelos. Queria já saber pra onde vou com meu chamado, já me preparar. Como eu queria, tanto queria!
Estar em vários estados, penetrar na mente humana, entender os homens. Voar.


Me teletransportar.


Tantos inúmeros desejos.


Mais do que tudo eu queria me despir da vaidade dessa vida.


Dessa ganância de ser e estar. De ser a melhor, de estar com os melhores. Quero aprender a me gabar por saber orar e por falar com a melhor companhia e amigo que alguém pode ter. Entender o que Ele fala, obedecê-lo. E ser feliz quando o que Ele quiser for diferente do que eu penso de felicidade.


Quero ter a sorte de descobrir o que é esperar. De ver os pequenos sinais. Ouvir um som de pássaro e saber que Ele ali está. De olhar uma cidade e saber que ela só existe por Ele permitir. Quero ter olhos puros! Ouvidos com peneiras. De não achar piegas ou um “cristianismo-hippie-impossível” querer viver na flauta. De não querer ser ninguém além de mim. De parar de querer ser aceita quando eu já fui por quem realmente importa. Quero abandonar preconceitos e aceitar que, na essência, aquele que é diferente deve ser exatamente o foco do meu amor. Tanto quanto eu.


Quero poder terminar de ler meus livros da lista do “até morrer eu preciso ler”. Quero desfrutar de tudo o que faculdade puder me proporcionar de conhecimento, de entendimento; e o que ela não puder, deixar pra lá e, um dia quem sabe ao olhar o mar perceber que eu já sabia.


Eu me lembro que um dia eu fui assim, não tem muito tempo... 

“Mas digo, porém, que aquele que não receber o Reino dos Céus
como uma criança não entrará nele.” (Marcos 10:15)

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Resoluções ou Indagações?

Percebi nas redes sociais que todo mundo tinha resoluções pro ano novo.
Emagrecer, entrar pra academia, arrumar um emprego, começar a faculdade, casar... . Todo mundo tinha metas para "o novo recomeço", mas fiquei pensando na hipocrisia de isso tudo. Por favor, caro leitor, não menosprezo sua tentativa de fazer de 2011 seu "novo restart", mas honestamente, e se amanhã dia 31 de dezembro de 2010 for seu último dia de vida e você não tiver feito nada disso pra "se tornar a pessoa melhor" que pensa que será em 2011?

Aí pensei, pensei e resolvi falar disso a partir de minhas próprias resoluções, se me permite.
Prometi que me estressaria menos, seria menos relapsa, mais organizada, que me importaria menos com a opinião alheia, etc, etc, etc. Sei que quando olho pro meu quarto eu imagino que o Katrina passa por ali diariamente, mas... por que não tentar ser mais organizada pelo simples fato de isso acabar com os discursos matinais da minha mãe; ou, ser menos relapsa poupa meus amigos de dizerem que eu os esqueci?
Por que não me convencer de que só por que os jovens da minha igreja não dão valor, isso não significa que meu trabalho num ministério não faça sentido? {e continuar exercendo-o}
Por que não perdoar com mais facilidade e esquecer mais rápido ainda? Poupa tempo e choro.
Por que não parar de insistir em regimes se eu nunca serei disciplinada a tal ponto? {Nem no regime e nem em coisa alguma, eis mais uma resolução}

E, por que não desistir das resoluções para 2011, 12, 13, 14 e não investir em revoluções diárias, em doses homeopáticas de ações realmente válidas, de mudança e transformação?
Por que não admitir que aquela agitação toda de ano novo dura no máximo até fevereiro? Assim como a agenda que a gente todo final de ano faz questão de comprar pra ser mais certinho? {e que acaba no fundo de uma gaveta em dezembro}

Por que não acordar todos os dias, crendo que é só um novo dia? Para ser mais organizado, para lembrar de tudo e todos com o mesmo amor e paixão pela vida. Pra reclamar menos. Para dizer palavras de otimismo e estímulo. Pra falar de Deus e ser um pequeno Cristo. 

Por que não nos lembramos que as misericórdias dEle REALMENTE se renovam a cada manhã? É um novo amanhecer, uma nova esperança. Uma nova Juliane que acorda tendo chance de ser uma melhor Juliane.

Não importa o que digamos amanhã às onze e cinquenta e nove, a sua chance de ser diferente é todo dia e essa passagem pra meia noite, é só mais um dia iniciando pra ser alguém melhor. O que Deus quer que você seja. Nossos planos e metas são só planos e metas. Se Deus não quiser que eles aconteçam ou não estiver no centro deles, não acontecerão. Sonhos todos temos e Deus nos encoraja a isso, mas Ele pede que você tenha confiança em entregá-los a Ele. 
"Os seus sonhos são meus sonhos, agora, você pode entregá-los pra mim? Quero fazer do meu jeito."
A gente pode falhar, mas Ele não.

Amanhã te aconselho a pensar assim: "Aonde eu irei, Senhor, se só Tu tens as palavras de vida eterna?"
Pergunte a Ele o que fazer esse ano.

A minha última resolução para 2010 era postar um último texto antes de 2011 começar, thanks God! haha
{we win!}

É isso. Que vocês tenham um 2011 de muita vida com Deus.
Beijos nas crianças, 
Ju Lira.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Notas da angústia - parte I




Fiz mais do que posso, vi mais do que agüento
E a areia nos meus olhos é a mesma que acolheu minhas pegadas.

Depois de tanto caminhar, depois de quase desistir
Os mesmos pés cansados voltam pra você.

Eu lutei contra tudo, eu fugi do que era seguro
Descobri que é possível viver só, mas num mundo sem verdade.
Pra você
Sem medo de te pertencer, volto pra você. 

(Sandy – Pés cansados) 



Fiquei com essa música na cabeça durante todo o dia e, sabe quando seu momento pede em quê meditar? Foi nessa canção. E como acredito que Deus usa quem ele quer e quando bem quer... Trago aqui mais devaneios a compartilhar. 

Essa semana passei por uma situação bem complicada com um aluno. Era uma pessoa tão amargurada com a vida, tão triste em seu olhar que não encontrei forças para dar continuidade à discussão. Eu senti que aquela pessoa precisava de um abraço, um acalanto, um aconchego... Colocar algumas dores pra fora. 

Não pude fazê-lo, mas fiquei pensando o quanto às vezes eu sou assim. Quanta mágoa eu tendo a acumular dentro de mim de tal maneira que isso afeta meus relacionamentos e tratamento pessoal. Que culpa tem o mundo em volta das dores que eu passo aqui dentro? Coisas que só dizem respeito a mim...? 

Aí me ocorreu essa música. “Fiz mais do que eu posso, vi mais do que aguento...”, quanta coisa nosso coração tem suportado! Nossos olhos têm visto imagens duras, cruéis. A gente sempre solta um “quando eu pensei que já tinha visto de tudo...”. E aí, vem coisa pior.

“Porque tudo isto é por amor de vós, para que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para a glória de Deus. Por isso, não desfalecemos; ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz pra nós um peso eterno de glória mui excelente; não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, mas as que se não vêem são eternas.” 

(II Co 4: 15-17) 

A idéia é que a gente não se iluda com o que pode ver. 

O sofrimento, o agora. Mas sentir a dor e se sacrificar mais um pouco para entender o motivo e a intenção. Não que sempre obtenhamos resposta, mas nessa tentativa, a gente promove um sorrir de Deus: Ele confia em mim! Confia naquilo a que os olhos são aprendizes: o invisível! 

O sofrimento é de fato, opcional. Entenda, não menosprezo o efeito do sofrimento em você, em mim, mas compreendo que ela é natural. Mas e aí, doeu. Sofrer eternamente? 

Que a dor que eu e você passamos não nos torne dormentes ante a vida que se demonstra cantando a todo tempo. Toda dor passa, e passa mesmo, por mais clichê que a minha colocação pareça agora. Ela é leve – nós é que somos crianças indefesas ante ela – e momentânea. 

Quanto aos nossos pés cansados, ah! Que eles nos levem a pastos verdejantes, de refrigério! 

Não tenha medo de pertencer a Cristo, se volte pra ele. Como estiver.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Emergindo


Sabe aquela sensação de quando a gente sai debaixo d'água depois de muito tempo sem respirar? Eis meu suspiro e compartilho com vocês, deliciem-se:

"Deixo tudo assim, não me importo em ver a idade em mim
Ouço o que convém, eu gosto é do gasto
Sei do incômodo e ela tem razão quando vem dizer
Que eu preciso sim de todo o cuidado

E se eu fosse o primeiro a voltar pra mudar o que eu fiz?
Quem então agora eu seria?
Ah, tanto faz, e o que não foi não é
Eu sei que ainda vou voltar mas eu, quem será?

Deixo tudo assim, não me acanho em ver vaidade em mim
Eu digo o que condiz, eu gosto é do estrago
Sei do escândalo e eles tem razão quando vêm dizer
Que eu não sei medir nem tempo e nem medo

E se eu for o primeiro a prever e poder desistir do que for dar errado?
Ah, ora se não sou eu quem mais vai decidir o que é bom pra mim
Dispenso a previsão

Ah, se o que eu sou é tambem o que eu escolhi ser aceito a condição
Vou levando assim que o acaso é amigo do meu coração
Quando fala comigo, quando eu sei ouvir."

(Los Hermanos - O velho e o moço)

Pare e pense: será que a Palavra de Deus tá só naquele livrinho preto? Eu penso que tá na boca do povo e ele nem sabe.
Tenham um tempo bom!
Beijos

sábado, 31 de julho de 2010

Borboletas

É a primeira vez que eu escrevo um texto aqui sem rascunho algum.
Para os que não me conhecem, todos os meus textos são escritos à mão antes de vir pra cá, eu sou assim mesmo, meio retrô. Ainda amo gastar meu tempo escrevendo, papel e caneta.
Esse texto é mais um "diário de bordo" da minha última passada por SP e meu trabalho voluntário no JV (Missão Jovens da Verdade). Não necessariamente expondo todas as minhas atividades e conclusões de trabalho, até porque não me recordo de tudo o que eu fiz lá (rs), mas enfim, algo eu tirei de muito bom e queria compartilhar.

Prometi pra mim mesma que nunca mais me surpreenderia com as coisas que Deus faz na minha vida. Aliás, pra ser precisa, eu prometi que nunca mais me assustaria em que Ele faz o que quer e da maneira que quer. Simplesmente acataria, solícita.
Mas nossa! Não tem como, ele sempre surpreende.
E eu fico ali, com aquela coisa boa na mão, esperando que eu não vacile ou erre outra vez. Medrosa, mas tão feliz que eu fico pensando que não posso estragar tudo.
Uma criança hiperativa, uma adolescente bipolar, novos amigos-irmãos e tantas outras pessoas que Deus me dá pra cuidar que eu fico pensando se tenho condições pra isso.
Aí vêm os problemas. Aqueles que vão contra, que dizem que você não vai conseguir, que confiam muito pouco no ser humano e são incapazes de uma palavra de estímulo. Eu olho pra eles, olho pra frente, olho pra eles... e dou um passo à frente.

A realidade é que eu nunca vou entender as responsabilidades (coisas e pessoas) que Deus põe à minha mão. Aprendi que o que Ele requer de mim, é o melhor que eu puder dar, independente do futuro incerto. 
É preciso um pouco mais que força de vontade, é preciso fé. Fechar os olhos e só ouvir a voz. E um pouco de pró-atividade também. Em alguns momentos, ele vai exigir que você dê o passo sozinho. Ou que pelo menos pense que está sozinho.

Aprendi que a borboleta nunca sabe como vai sair do casulo. Ela sabe que precisa entrar, não sabe se sentirá dor, nem qual será o resultado da sua clausura. Mas ela confia que precisa passar por, e vai. Quando ela sai, maravilhosa em seu esplendor, ela observa que o que ela imaginava como beleza, não chega nem perto de como está agora, e percebe que sua concepção do que é bom é sempre superficial. E ela pensa: - Nossa, se eu soubesse que seria assim, nunca teria me preocupado.

Quero ser borboleta. Daquelas que não têm noção de tempo.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Ei, onde estão os meus amigos?

Não, esse não é um daqueles textos emo e não estou à ponto de cortar meus pulsos. Mas essa tem sido uma pergunta frequente na minha cabeça: aonde eles estão?

Eu tive uma infância incrível. Eu morava num apartamento com meus pais, mas tinha um avô com a casa enorme no "interior" onde sempre passava [todas] as férias. E amava. Eu era daquelas crianças calmas que quando ia pra casa do avô se revelava: ia pra rua jogar queimada com os amigos, tomava sorvete, soltava pipa, pião, jogava videogame e, no fim da tarde, a gente chupava manga e se lambuzava todo, relembrando o dia.
Uma infância saudável, eu diria.
Na igreja também, música sempre foi o meu forte. Eu cantava no coral infantil, encenava, participava do culto missionário, era aluna assídua da EBD... Pra mim, o domingo era o melhor dia da minha semana.
Embora ir pra casa do Vô fosse maravilhoso, nada me fazia mais feliz do que aquele prédio branco no Jardim Botânico. Grandes pessoas fizeram parte da minha história ali, tanto pra mim quanto pra minha família, são pessoas que nunca saíram da minha casa mesmo quando foi a minha vez de ir para o "interior".

O tempo foi passando, me firmei numa nova igreja, fiz novos grandes amigos e, com aqueles antigos, continuava me correspondendo como podia: cartas, telefone, email... . Eram declarações de amizade eterna, de um amor que não ia acabar, mesmo com toda a distância.
Só que chegou um momento em que os afazeres diários nos fizeram espectadores da vida uns dos outros, e não mais atores delas.

Vi a evolução: amigos que correram atrás, estudaram, se formaram, encontraram o sentido de suas vidas e hoje, se transformaram em homens e mulheres bem sucedidos. Formaram lindas famílias, tiveram filhos e hoje me aconselham a fazer o mesmo. 
Esses eu sei onde encontrar.

Mas vi a involução: vi amigos negarem a sua família por "amores" que não duraram nada;
outros, maltrataram pai e mãe por simples bel-prazer;
incorporaram personagens "felizes para sempre" que sempre sorriem, nunca jorram uma só lágrima, barbies e príncipes que não expressam sentimentos;
viveram uma vida de prazeres instantâneos e passageiros, que duram uma noite, uma dose, um tapa, uma tragada;

entregaram seus corpos a homossexualidade;
a sexualidade, perdendo a pureza que nos fazia sonhar com o vestido branco;
trocaram de namorado como quem troca de roupa, em busca do mais bonito, do mais rico;
partiram corações pela promiscuidade, mentiram com requinte;

buscaram a popularidade e não mais a singularidade que nos fazia criar apelidos uns para os outros;
fizeram os pais chorarem no travesseiro à noite por desgosto ou por orarem, de joelhos, durante toda a madrugada, fizeram deles pais perdidos;
viram suas famílias serem destruídas e, simplesmente disseram: "Sei fazer pior";
E o mais doloroso de tudo:

Abandonaram a sua fé porque passaram a acreditar somente em si próprios.
Esse texto não é sobre como as pessoas mudam, porque sei que elas mudam, pra pior ou pra melhor - o que é um conceito pessoal. Mas é sobre como me dói ver cada vida que fez parte da minha, ir por caminhos que eu sei onde vai dar: numa tristeza tão profunda que no final a gente vai achar que não tem mais como sair dela.
Eu sei que muitos deles deveriam mesmo sair da minha vida, alguns pra sempre, mas outros eu deveria encontrar por onde eu vou, no meio do caminho. Mas não.
Eu só fico me perguntando se eu deveria ter feito algo diferente, porque se eu deixei passar, eu quero fazer agora, mesmo que não adiante. Não pra me ausentar de culpa, mas porque quero vê-los bem.

"AMIGOS,
Eu sei que muitos de vocês sabem que se incluem nesses exemplos. Sei ainda que podem se sentir ofendidos ou magoados, mas eu não faria nada com essa intenção. Vocês sabem que eu sou o tipo de pessoa que tenta abraçar o mundo, muitos já até brigaram comigo por isso, e é o que tô tentando fazer agora: abraçar vocês e dizer que a tristeza que vocês sentem no final do dia tem cura. Que o prazer que vocês sentem no que fazem pode ser maior, inacabável e verdadeiro. E tudo isso porque eu amo vocês e nunca os esqueci, de nenhum.
Vocês são minha oração todos os dias, ainda mais por serem parte de mim.
Quero o bem de vocês sempre, a felicidade plena."

"Se você achar que deve fazer alguma coisa, faça-a.
Mesmo que ela seja IRRELEVANTE."
(Gandhi)