quarta-feira, 18 de maio de 2011

Anseios de uma jovem idosa

Há quase seis meses eu não escrevo aqui no blog. E não escrevo não é porque me falta inspiração, não, porque na boa, eu escrevo o que me dá na telha. São minhas asneiras mesmo. Escrevo porque me dá prazer e um prazer que a fala não me proporciona mais, ou melhor, pra não ser tão radical, me proporciona cada vez menos.


Veio o penúltimo ano da faculdade, os 22 anos, a vontade de crescer, de casar, de fazer história. De finalmente descobrir o meu sentido aqui. Como a Juju da Mamãe, a Morena do Papai, a Chatinha da Amanda, a Ju Lira do JV, a Xu da Cintia, a Baby da Giulia, a Princesa da Isa, a Preciosa da Erika...


Tenho andado saudosa aos extremos. Até daquilo que acabou de acontecer eu sinto falta. Se eu volto de uma viagem, vou meditar nela até que o coração não aguente mais de saudade. Eu tenho sido parte de uma geração em que os prazeres e alegrias são muito, muito fugazes. A galera topa tudo por uma alegria passageira. Que não deixa de ser alegria não, só que nunca será felicidade.


Tenho passado por grandes transformações dentro de mim que não me deixam mais ser quem eu era. Elas vieram com tudo e tiraram de mim certas coisas que eu não gostaria de perder, embora fossem até mesmo prejudiciais. Características que me impediriam de ver o mundo nu, em sua crueza; beleza e frieza. E aí, às 00h24min de uma noite fria e de grande peso no coração, me propus a botar pra fora, como sempre em rascunho que não será corrigido, mais um floreio: como eu queria não ver o mundo assim!


Como eu ainda queria ter os olhos da garota simples, que buscava coisas simples. Que facilmente chorava, que facilmente sonhava. Que não tinha medo de expor emoções por mais que elas lhe pusessem vulnerável. Como eu queria não ter que me decepcionar com as pessoas. Não decepcioná-las sabendo dizer a verdade sem medo e com menos medo ainda pedir desculpas, me humilhar e pedir perdão.


Como seria gostoso voltar a ler a bíblia com o mesmo afinco da época do Departamento Infantil, sem vergonha de dizer “vivo feliz, pois sou de Jesus”! Como eu queria não ter que explicar pros meus amigos que a minha igreja não é igual àquela da TV que envergonha a Cristo e suga o dinheiro do pobre trabalhador. Como-eu-queria!


Não ter que me separar dos meus pais, ainda que por dias; dormir longe da minha irmã. Poder passar o dia todo, todo dia, fazendo minhas tarefas ao som de música boa sem os transtornos de batidas sem sentido e cheias de malícia. Poder dar um filho aos meus tios. Uma cura ao meu avô. Uma igreja perfeita ao meu pai.


Como eu queria me dar um namorado, não ter nunca mais o coração partido. Já ter ido a Londres, ter o francês impecável. Sair da faculdade com um emprego, ter tempo. Como eu queria ter todas as respostas às minhas dúvidas.  Como eu queria não errar no meu ministério, saber cuidar dele melhor do que dos meus cabelos. Queria já saber pra onde vou com meu chamado, já me preparar. Como eu queria, tanto queria!
Estar em vários estados, penetrar na mente humana, entender os homens. Voar.


Me teletransportar.


Tantos inúmeros desejos.


Mais do que tudo eu queria me despir da vaidade dessa vida.


Dessa ganância de ser e estar. De ser a melhor, de estar com os melhores. Quero aprender a me gabar por saber orar e por falar com a melhor companhia e amigo que alguém pode ter. Entender o que Ele fala, obedecê-lo. E ser feliz quando o que Ele quiser for diferente do que eu penso de felicidade.


Quero ter a sorte de descobrir o que é esperar. De ver os pequenos sinais. Ouvir um som de pássaro e saber que Ele ali está. De olhar uma cidade e saber que ela só existe por Ele permitir. Quero ter olhos puros! Ouvidos com peneiras. De não achar piegas ou um “cristianismo-hippie-impossível” querer viver na flauta. De não querer ser ninguém além de mim. De parar de querer ser aceita quando eu já fui por quem realmente importa. Quero abandonar preconceitos e aceitar que, na essência, aquele que é diferente deve ser exatamente o foco do meu amor. Tanto quanto eu.


Quero poder terminar de ler meus livros da lista do “até morrer eu preciso ler”. Quero desfrutar de tudo o que faculdade puder me proporcionar de conhecimento, de entendimento; e o que ela não puder, deixar pra lá e, um dia quem sabe ao olhar o mar perceber que eu já sabia.


Eu me lembro que um dia eu fui assim, não tem muito tempo... 

“Mas digo, porém, que aquele que não receber o Reino dos Céus
como uma criança não entrará nele.” (Marcos 10:15)